Apresentação de Produções: a partilha da nossa escrita



Desde muito cedo, as crianças contactam com registos escritos, atribuindo-lhes significados mais ou menos importantes na sua vida. Criam conceções do ato de escrever nas diferentes interações com os adultos que as rodeiam e com outras crianças, e refletem sobre as explorações que fazem desses escritos. Assim, vão desenvolvendo capacidades e vontade de participarem em atividades de escrita e de leitura.

É com muita alegria que vejo os meninos do primeiro ano entrarem na sala, de manhã, e manifestarem vontade de contar uma novidade aos colegas. Uma partilha que se torna (ainda) mais especial porque dizem, orgulhosos, “é que eu tentei escrever sozinho”.

O momento de Apresentação de Produções é um momento privilegiado de comunicação, de partilha, de respeito por quem apresenta o trabalho e de quem comenta ou questiona a apresentação.

É principalmente neste momento do dia que os alunos leem os seus escritos e partilham os trabalhos que vão produzindo, seguros de que estes serão valorizados por todos e tidos, muitas vezes, como inspiração para um próximo trabalho.

Foi o caso da Joana que, preocupada com o flagelo dos incêndios dos últimos meses, decidiu criar um livro, escrito e ilustrado por ela (este com um final bem mais feliz!). Terminada a sua apresentação, colocaram-lhe uma questão: como tinha conseguido escrever tanto?! Não surgiram hesitações na sua resposta: “Então, pensei nos textos que já trabalhámos e que estão aqui (na parede da sala) e experimentei, experimentei… Não custou nada. Só não correu muito bem porque agrafámos mal o livro e está tudo ao contrário!”. A preocupação da Joana era apenas esta, não lhe soava tanto a “livro” por estar ao “contrário”.

O momento da Apresentação de Produções, tal como refere Pestana (2011:1) “tem influência na transformação dos alunos, no grupo e nas suas produções. Proporciona-lhes momentos de construção do pensamento, desenvolve a oralidade, o pensamento crítico, o enfoque nos outros...

É num ambiente de valorização, respeito e liberdade criativa que o medo de falhar se dissipa. Conquista-se dia-a-dia, e ao ritmo de cada um, um gosto em escrever e em partilhar as suas produções.

                               Professora Maria Inês Pereira – 1.º Ano