“Onde é que eu estou no desenho?”
Iniciámos
a semana com uma partilha da Maria Inês: “Fiz
um desenho com todas as crianças da sala, inspirado num desenho da Maria Brito”.
Olhámos para o desenho com muita atenção e, como somos muito curiosos,
rapidamente, surgiu a questão: “Onde é
que eu estou no desenho?”. A Maria Inês, muito orgulhosa da sua obra
começou a indicar onde estava cada um dos amigos, até que nos apercebemos de
que não apareciam todos e que a própria Maria Inês também não aparecia,
comentando intrigada: “Ah! Também me
esqueci de mim!” Logo a seguir, o João começou a mencionar as crianças que
faltavam, mas uma vez que ainda não tinham chegado todas ao Colégio ficou na
dúvida de quantas faltavam ao certo. Começámos então a pensar como é que
podíamos descobrir quantos é que faltavam no desenho, até que o João sugeriu recorrer
aos cartões dos nomes! Já com os cartões na mão, combinámos que colocávamos por
cima do desenho os cartões das crianças que estavam desenhadas e as que não
estavam, ao lado. Assim o fizemos até encontrarmos os nomes dos manos,
colocando-os noutro sítio, uma vez que já não estão connosco. Depois de
“distribuirmos” todos os cartões, contámos então os cartões que tínhamos ao
lado do desenho e descobrimos que eram 10 as crianças que faltavam na produção
da Maria Inês. Posto todo este raciocínio, perguntei-lhes: “E quantas crianças
são no total?” e as respostas foram diversas.
No
dia seguinte, retomámos este raciocínio e o Henrique Diniz sugeriu contarmos os
cartões dos nomes porque todas as crianças têm o seu cartão. Todos juntos,
seguimos atentamente a contagem do Henrique e contámos 22 cartões, concluindo
assim que fazem parte da nossa sala 22 crianças! Depois questionei-os quantos
seríamos na sala a contar com os adultos e o conflito cognitivo instalou-se de
novo, surgindo várias possibilidades como resposta. De forma, a “clarificar” a
contagem recorri aos cubos de encaixe
e distribuí um a cada um, incluindo-me a mim, a Maria Rita e ainda a Carina
(estagiária da EP Magestil) que também estava presente. Expliquei-lhes que cada
peça representava cada um de nós e adicionei uma, a uma, inicialmente, apenas as
peças das crianças, chegando apenas ao número 21! Neste momento, partilhou de
imediato o Gabriel: “Mas o que é que se
está a passar?”, fez-se um momento de silêncio e continuei: “Como é que temos 22 cartões e só contámos
21 peças?” Após outro momento de silêncio e trocas de olhares espantados, o Henrique sugeriu contarmos outra vez
os cartões e as peças, mas o resultado de ambos manteve-se. Pensámos e voltámos
a pensar até que a Maria Inês disse: “Já
sei! Hoje está a faltar a Laura, falta-nos a peça da Laura!”
Desta
forma, concluímos que fazem parte da nossa sala 22 crianças, juntamente comigo
passamos a 23, mais a Maria Rita 24, mais a Carina 25 e ainda mais com o Paquito (Porquinho da Índia) 26. Apesar
de todos os “obstáculos” conseguimos ser persistentes e pensar e contar em
conjunto, as vezes necessárias, até obtermos as respostas para as nossas
perguntas! No final, o sentimento de “missão cumprida” foi visível nos rostos
das crianças.
Educadora
Marta Lanhoso