Ensino à Distância: E agora?
Agora?! Agora, arregaçamos as mangas, reorganizamo-nos, damos largas à imaginação e procuramos levar a cada casa, a cada família, a cada aluno, um bocadinho de nós, dos amigos, do currículo, da Escola.
Depois do encerramento das escolas, perto do final do 2.º período, o mundo também desabou nas nossas casas. Nós, professores, vimo-nos envolvidos numa dinâmica que não conhecíamos, nem dominávamos, mas que era a única via para nos ligarmos aos nossos alunos e às suas famílias.
Longe de nós pensar que os pais dos nossos alunos assumiriam o papel de professores, mas também não podíamos assumir que os nossos alunos eram suficientemente autónomos para gerir tudo sozinhos, à distância, sem a nossa mão, sem a nossa palavra por perto.
Hoje, o desafio que temos em mãos é enorme. Nós queremos que os pais continuem a ser Pais. Que aproveitem este inevitável momento para fortalecer outros laços. Ainda há pouco tempo todos nos queixávamos das ocupações do quotidiano que não nos permitiam ter tempo para os filhos... Pois, agora, aí está ele, o tempo. Aproveitem-no! Façam deste tempo, o tempo da mudança, da união.
Deste lado, a nossa missão continuará a ser mesma: garantir que os nossos alunos têm acesso ao currículo, que respeitamos a sua individualidade, a sua logística familiar, que damos valor e reconhecemos as suas fragilidades e as suas potencialidades. Hoje, mais do que nunca, o sistema coloca à prova o quanto os professores conhecem verdadeiramente os seus alunos.
Agora que vamos todos juntos assumir este papel de acompanhar, orientar e gerir, procurámos montar uma estrutura que acima de tudo tenciona manter a calma e a serenidade no processo de ensino e aprendizagem, regulando de forma ajustada o trabalho de todos e de cada um. Efetivamente, nestas idades, a autonomia não é total e vivemos um novo paradigma de escola em que os Pais são chamados a um compromisso maior e em que cada família terá de encontrar tempo e espaço para apoiar os seus filhos no que considerar essencial, e esse essencial, em última instância, terá de bastar à Escola. Conscientes de que cada um fará o melhor que puder e conseguir.
Hoje, neste texto, despedimo-nos com muitas saudades, dos sorrisos, dos abraços, da ternura e da partilha. Temos saudades dos nossos alunos, da nossa Escola, da vida. Acreditemos que vai correr tudo bem. Continuamos a ter-nos uns aos outros e, isso, por enquanto, é o melhor que podemos ter.
Vanessa Almeida e Cátia Santos